Dia de todos os Santos

Celebramos neste dia 1º de novembro, neste ano felizmente em um domingo, a Solenidade de Todos os Santos. Essa data do calendário gregoriano quando cai no calendário durante a semana, a Igreja transfere essa solenidade para o domingo seguinte, para que um número maior de fiéis possa participar da celebração eucarística. Quando essa data ocorre no próprio domingo, como acontece esse ano, permanece dessa maneira, antes do Dia de Finados.

É um momento em que a Igreja terrena, que somos nós, volta o nosso olhar para a Igreja celeste e, dessa maneira, nos enchemos de alegria, contemplando a multidão de todos aqueles que já participam da glória celeste. Somos convidados a elevar nosso hino de adoração ao Senhor e dar ação de graças por sua santidade resplandecer nos santos e santas.

A celebração da Solenidade de Todos os Santos é tão próxima ao Dia de Finados para nos garantir que aqueles nossos entes queridos que já partiram para a eternidade também contemplem a mesma glória de Deus que os santos vivenciam. Por mais que nossos parentes e amigos não fossem “canonizados” pela Igreja e elevados aos altares de Deus, temos a certeza, através da celebração de Todos os Santos, que nossos parentes e amigos se encontram na eternidade ao lado de Deus, depois de viverem neste mundo conforme os ditames do Evangelho e vivendo uma vida de santidade para merecer os esplendores das glórias eternas.

A celebração da Solenidade de Todos os Santos nos ajuda a compreender que todos nós podemos ser santos e viver uma vida de santidade no dia a dia. Quando fomos batizados e marcados com o Divino Espírito Santo, recebemos uma missão de ser “sal na terra e luz no mundo” e isso quer dizer refletir a luz de Deus e ser sinal da presença d’Ele para os outros. Essa é a vida de santidade que somos chamados por Deus a trilhar durante a nossa vida e, assim, após a passagem por essa vida terrestre alcançar a vida eterna e contemplar a face de Deus assim como os santos.

Por isso, com a celebração de Todos os Santos é um momento de rezarmos por todos nossos entes queridos que já se foram e serve para nós refletirmos sobre como estamos vivendo o nosso Batismo e a, consequentemente, nossa fé católica que tem como meta única a santidade. Analisarmos se estamos trilhando uma vida de santidade ou não. Se a nossa meta está sendo a vida eterna ou outro caminho.

Todos nós temos um santo de devoção ao qual nós recorremos nos momentos de aflição e dificuldade, e nesse dia devemos lembrar desse santo e agradecê-lo por tantas graças que obtemos dele por intermédio divino. E, assim, somos chamados a nos espelhar na vida desses santos nos dias de hoje.

Os santos são aqueles que ao ouvirem a Palavra de Deus, se abriram à graça do Espírito Santo e buscaram viver com fidelidade a vontade do Senhor. Devemos viver nos dias de hoje esse mesmo desejo de buscar a santidade, se abrindo ao Espírito Santo por meio da Palavra de Deus. São João Paulo II iniciou o seu Pontificado conclamando: “Não tenhais medo de abrir vossos corações ao Redentor!”. E quem tem o coração unido ao de Cristo vive a santidade.

Ao celebrar a Solenidade de Todos os Santos não estamos de maneira alguma “adorando” os santos, como alguns, sobretudo, os que não professam nossa mesma fé podem pensar. É uma maneira de recordar a vida desses santos e, assim, procurar espelhar-se na vida de santidade que eles tiveram.

Nos dias de hoje, parece difícil pensar em viver a santidade, devido ao mundo globalizado em que vivemos e tantos outros atrativos que existem para as pessoas, sobretudo os jovens, por meio da internet, televisão, shows e tantas outras coisas.

Mas é possível nos dias de hoje ser santos, através da oração, amando e servindo o próximo e sendo fiéis ao Evangelho, aspergindo o bom odor do Cristo Ressuscitado. Uma família pode ser santa, fazendo junta momentos de oração, e mais do que nunca a santidade é refletida quando rezamos nas refeições, recitamos o Santo Rosário, participamos da vida comunitária, evangelizamos pelas mídias sociais e, sobretudo, quando a família, com todos os seus membros juntos, acorre à celebração da Santa Missa, bem como participando ativamente da via da Santa Igreja.

Um jovem pode dedicar uma parte do seu dia à oração, visitando os doentes, asilos e hospitais.

Recentemente, a Igreja beatificou o jovem Carlo Acutis (1991 – 2006), que viveu no nosso mundo contemporâneo e morreu com apenas 15 anos, mostrando que a santidade nos dias de hoje é possível e que é possível sermos santos jovens. Apóstolo da Eucaristia e da caridade, viveu uma vida em favor do outro, como o próprio Cristo!

Portanto, reservemos parte do nosso tempo para Deus e trilhemos um caminho de oração, buscando nosso equilíbrio espiritual, visando assim viver uma vida de santidade. Nos espelhemos em nossos santos,  sejamos atentos à Palavra de Deus e que possamos pôr em prática aquilo que fomos chamados a ser desde o nosso Batismo: sal na terra e luz no mundo.

Celebremos com alegria a Solenidade de Todos os Santos: a Igreja militante (todos os batizados) se une à Igreja padecente (almas do Purgatório) e à Igreja Triunfante (todos os beatos, santos e santos de Deus) neste dia de louvor e glória pela beatitude da vida dos batizados, e peçamos a intercessão deles por cada um de nós. Que a Virgem Maria, Mãe da Santidade, passe na frente, nos cubra com o seu manto Sagrado e nos mostre o seu amado filho Jesus, modelo de santidade para todos.

Amém.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Endereço: http://arqrio.org/formacao/detalhes/2878/todos-os-santos-2020

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2020-11-03T10:07:48-03:00